O que acontece na Páscoa em Portugal?

A PÁSCOA É UM FERIADO CATÓLICO, NO ENTANTO, AS OFERTAS CULTURAIS SÃO MUITAS E DIVERSIFICADAS, RELIGIOSAS E ATÉ NÃO RELIGIOSAS, VEJA TUDO AQUI!

Sendo um feriado intrinsecamente religioso a páscoa oferece a Portugal inúmeras tradições que se espalham um pouco por todo o país – como as inúmeras atividades da semana santa, que reproduzem a via-sacra e a morte e ressurreição de Jesus, a visita pascal no domingo ou segunda-feira de páscoa, procissões levando a imagem de Jesus na cruz a todas as ruas da aldeia, etc – no entanto, é também desculpa para festas pagãs e rituais um pouco “menos católicos” como é o caso do enterro do bacalhau em Penacova, ou do jantar do mordomo da cruz, na região do Minho.

 

Procissão da Burrinha em Braga

// Cortejo bíblico “Vós sereis o meu povo”

Organizado desde 1998, pela Paróquia e pela Junta de Freguesia de S. Victor, este cortejo com mote religioso é também um desfile histórico, que ilustra em quadros vivos a era dos Patriarcas e da escravidão no Egipto. Ilustra também, enquadrada à época, a infância de Jesus, incluindo a fuga para Jerusalém de José e Maria.

O desfile decorre por sucessão cronológica em catequese viva, profetas, reis, figuras eminentes, símbolos e quadros bíblicos do Antigo Testamento. O nome da procissão deve-se ao facto da imagem de Nossa Senhora ser transportada por uma burra. 

 

Procissão das Flores no Algarve

Igualmente com origem religiosa, a procissão das Flores em São Brás de Alportel, Faro, é também conhecida por Festa de Aleluia e começa logo pela manhã, a partir das 10h00. Percorre as ruas da vila e é acompanhada por canto profundo e ensurdecedor, onde sobressai o refrão “Aleluia”, a população acompanha o cortejo e comparece em peso.

Na parte da tarde, há o Encontro de Sons e Sabores no adro da Igreja Matriz, onde as tochas e as colchas mais tradicionais e artísticas são premiadas durante um sarau cultural que inclui música e poesia. Este é um dia sagrado para todos os habitantes e uma festa onde o religioso e o pagão se misturam em harmonia. O ambiente é de alegria e muita cor.

O ar fica perfumado pelos ramos de alfazema, rosmaninho e flores campestres dos enfeites das tochas e nas janelas pendem as colchas brancas e encarnadas, decorando a vila. Durante o dia saboreiam-se as tradicionais e singulares amêndoas tenras e amêndoas de pinhão, confeccionadas de forma artesanal em São Brás de Alportel há mais de um século, pela mesma família. 

 

Jantar do Mordomo da Cruz no Minho

A região mais a norte de Portugal é conhecida pelo bem comer e bem beber e, na páscoa, nem as tradições passam ao lado destas características tão positivamente vincadas.

Por essa razão, em algumas freguesias da região do Minho, como em Viana do Castelo e Ponte de Lima, além dos eventos tradicionais de páscoa e da semana santa, é comum fazer-se o Jantar do Mordomo da Cruz. Que é, nada mais, nada menos, do que um banquete para toda a população da respetiva freguesia, banquete esse onde é eleito o mordomo que ficará encarregue de duas árduas tarefas, a de transportar a cruz na procissão e a de pagar o almoço a todos.

 

Enterro do Bacalhau em Beiras

Esta é uma tradição pagã que esteve erradicada de Penacova durante a ditadura do Estado Novo mas que voltou em força recentemente. É um ritual pagão que satiriza a época da Quaresma pelo facto de não se poder comer carne. E foi iniciado exatamente porque o peixe mais consumido (e mais barato na altura) seria o bacalhau.

Quarenta dias depois de apenas comerem bacalhau, os populares decidem julgar o bacalhau e condená-lo à morte, como tal, podemos assistir à encenação de um julgamento como manda a regra, com acusação e defesa, que invariavelmente acaba com a morte do acusado. Segue-se um cortejo fúnebre, com carpideiras e o respetivo enterro do bacalhau, junto ao Cruzeiro de Penacova.

 

O que se come na Páscoa em Portugal?

Amêndoas de todos os tamanhos, feitios e cores. Ovos de chocolate. Fios de ovos doces. Folares de Páscoa (doces e salgados, diferentes em cada zona do país), pão-de-ló, empanadilhas da páscoa (típicas da zona da Covilhã), bolo de mel de sagres e queijinhos de amêndoa (no algarve), e tantos, tantos outros.

Nem tudo são doces!

Apesar de os doces serem talvez os mais falados nesta altura do ano, o comum, para quebrar a altura da Quaresma em que apenas seria permitido comer peixe, a carne torna-se a estrela dos pratos daí ser bastante comum o consumo de cordeiro, borrego e cabrito, existe uma enorme diversidade de folares de carne com diferentes formatos, recheios e receitas de massas.

Cada um leva o nome da sua cidade de origem, como Folar de Freixo de Espada à Cinta, Folar de Chaves, Folar de Mirandela, Folar de Vinhais, Folar de Trás-os-Montes e Folar de Bragança.

Na zona da beira interior é tradicional a confeção de Bolo de Azeite, um bolo que não é doce e cujo ingrediente principal é o azeite. Por levar ingredientes mais nobres seria confecionado apenas nesta altura do ano, por ser mais rico que o pão normal e por assim distinguir os dias com sabores de festejo. É uma excelente iguaria para acompanhar com queijo da Serra ou mel.

 

A páscoa é, na maioria das vezes, sinónimo de família, de reunião e de amor.

E como é tão típico em Portugal, família e união é à volta de uma mesa farta. Conte-nos quais as tradições que vive nesta altura do ano e o que se serve à mesa na sua zona por altura da Páscoa.

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